Clementina expressava um Brasil com forte herança africana desafiando toda a cultura dosamba estabelecendo uma ponte entre o folclore dos terreiros de candomblé e o folclore brasileiro
Criança, aprendeu com sua mãerezas em jejê nagô e cantos em dialeto iorubá. Destas influências resultam ummisticismo sincrético e uma musicalidade marcada pelo samba e cantostradicionais de escravizados do meio rural. Devota da Igreja de Nossa Senhorada Glória do Outeiro, participava de festas das igrejas da Penha e de SãoJorge, cantando canções de romaria.
Porém, foi somente aos 63 anos que ela ganhou os palcos e revolucionou o samba, após ter sido descoberta pelo poeta e futuro produtor musical Hermínio Bello de Carvalho. Ele ficou fascinado pela sambista fluminense e passou a prepará-lapara o espetáculo Rosa de Ouro, show que a consagraria. A partir daí,Clementina de Jesus resgatou o conhecimento de seus antepassados e apresentou acultura africana com a gravação de 13 LPs e participações em álbuns com grandesnomes da música popular brasileira, como Clara Nunes e Milton Nascimento.
Rainha Quelé, como ficou conhecida Clementinade Jesus, criou as filhas sozinha e trabalhou como empregada doméstica atéo começo da vida artística. Negra, idosa e pobre, Quelé foi exemplo de força e luta para o povo brasileiro, em especial para as mulheres, como destaca Janaína Marquesini, uma das autoras do livro Quelé, A Voz Da Cor, que conta a história da mulher que atravessou décadas de samba em entrevista ao Brasil de Fato.
Oestilo de samba de Quelé era o partido-alto, cantado em forma de desafio e de improviso. Partideira de mão cheia, Clementina de Jesus imprimiu em suas canções a luta contra a discriminação racial e o machismo, se tornando umadas maiores referências da música popular brasileira, como ressalta MagnuSousá, integrante da dupla de irmãos sambistas Prettos.
Com o passar das décadas, Quelé se tornousímbolo da negritude brasileira. Para uma das escritoras da sua biografia, conhecer Clementina é entender um pouco da formação do povo brasileiro. "É preciso mostrar mais uma vez a importância dasnossas raízes, da identidade e formação cultural do nosso país, que foiconstruído por mãos negras. A história dela nos ajuda a fazer essereconhecimento de como nós chegamos até aqui."
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